sábado, 21 de junho de 2008

Basquete do Calabar na midia

Trabalho realizado pelo ex-atleta Paulo Henrique [...] [faz campeões no Calabar]

[...] Uma das modalidades esportivas incentivadas na comunidade é o basquete. Foi através dele que o ex-jogador Paulo Henrique Pereira da Silva, 29 anos, conseguiu que adolescentes do bairro trocassem as ruas pela quadra de esportes e se transformassem em campeões baianos infantil e infanto-juvenil.
Ex-atleta de basquete do Centro Social Urbano (CSU) e morador do Calabar, Paulo Henrique decidiu fundar o Grupo Comunitário Basquetebol do Calabar, Alto das Pombas e Adjacências (GCBCAP) ao ver um grupo de adolescentes tentando jogar. A idéia surgiu, em 1995. Animado com o desempenho dos meninos enquanto brincavam na quadra do bairro, Paulo decidiu treiná-los. Da brincadeira, o basquete passou a ser um compromisso do grupo. Porém, nem mesmo Paulo Henrique imaginava a dimensão que tomaria o passo dado com os garotos. Não apenas na vida do professor, mas também de vários jovens da comunidade.
Para surpresa de todos, o crescimento da escolinha foi rápido e intenso. Na primeira semana havia dez alunos, num mês 30. Hoje, são 85 jovens do Calabar e comunidades das proximidades que dedicam pelo menos duas horas do dia ao esporte. “Não era a minha intenção expandir a escolinha de basquete desta forma, mas fluiu e hoje me sinto muito bem por poder.
Diante da falta de CNPJ do time, os seus pedidos de apoio foram negados e as tentativas de patrocínio foram em vão. As dificuldades foram inúmeras, mas Paulo Henrique conseguiu no ano 2000 colocar, pela primeira vez, um time no campeonato baiano. Em 2001, mesmo com os aros da quadra do Calabar quebrados e a derrota na competição, os pequenos atletas não desanimaram e o novo desafio voltou a acontecer em 2003.

Americano ajuda garotada a progredir
Apesar de tantos obstáculos para a prática do esporte, os meninos da comunidade do Calabar não deixaram de buscar seus ideais e foi através de muita insistência e determinação que conseguiram a liberação da quadra do Centro de Esportes de Educação Física da UFBa, em Ondina. A partir desse momento o crescimento da escolinha de basquete, não apenas em números de inscritos, mas principalmente em qualidade, passou a ser contínuo.
O esforço despertou inclusive o interesse da imprensa, que voltou sua atenção para os jovens do Calabar e o foco principal foi a luta do time contra as adversidades e pelo respeito junto à comunidade esportiva baiana. “Quando li a matéria, imaginei a carência daquelas crianças e, conseqüentemente, senti uma necessidade de ajudar. Hoje, acredito que não poderia ter feito nada melhor na minha vida”, diz o aposentado americano Kobla Osayande, 67 anos, ex-professor da Universidade de Houston. Na mesma semana, o aposentado, residente no Brasil desde 2004, procurou o professor de basquete Paulo Henrique e propôs patrocinar o time.
Kobla passou a freqüentar todos os treinos dos garotos e ajudar na compra de bolas, uniformes e inscrições em campeonatos. Além de utilizar o próprio salário, ele conta com o apoio dos amigos americanos, que quase sempre visitam o Brasil e costumam ajudar como podem. “Tentei vários patrocínios, mas não tive sucesso.
Ninguém quer investir num time amador e formado unicamente pelo sexo masculino. Hoje, existe um grande preconceito mundial em relação a isso. Todos acreditam que os grupos formados por mulheres significam investimento seguro, pelo fato de elas destinarem o dinheiro ao lar e beneficiarem assim toda uma família”, diz Kobla. Apesar de tudo, o GCBCAP não esmoreceu e seguiu com firmeza nos campeonatos. Conquistou o título de campeão baiano infantil, em 2004, e campeão baiano infanto-juvenil, em 2005.
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Surgem novos talentos na comunidade
Com o prestígio da equipe em alta, surgiram novos e vários talentos. Entre eles, o ala da seleção baiana infanto e cestinha do Campeonato Baiano em 2003 e 2005, José Paulo, 16 anos, “Meu grande sonho é um dia jogar na seleção brasileira”, confessa o garoto humilde com os olhos brilhantes. José Paulo diz ter apoio da mãe que faz vários sacrifícios para que não lhe falte nada. “Minha mãe já deixou de comprar as coisas dela para me dar uma basqueteira”, destaca.
O atleta começou a jogar basquete há três anos, devido ao incentivo do primo mais velho. Hoje, se sente orgulhoso de ser inspiração dos mais jovens a seguir o esporte, como o pequeno Caio, 13 anos. “José Paulo me incentivou a jogar basquete, e graças a Deus contei sempre com o apoio da minha mãe, que algumas vezes deixou de comer para me dar o dinheiro do transporte para que eu pudesse freqüentar os treinos. Quero um dia ser um profissional do basquete e dar muito orgulho a ela”, diz confiante e emocionado.
O Grupo Comunitário de Basquetebol do Calabar, Alto de Pombas e Adjacências não ajuda os garotos apenas no esporte. Por trás de tudo, existe um grande incentivo à educação escolar. “Fico feliz tendo a consciência do bem que estou fazendo a esses garotos. Eles recebem um respeito especial da comunidade e, quando estão treinando, se mantêm distantes da violência [...] E o mais importante é que aqui existe disciplina. Para jogarem basquete, eles devem estar com boas notas. Para ter certeza disso, visito uma vez por mês todos os colégios dos garotos e confiro as cadernetas dos professores. Os alunos que não obtém notas satisfatórias são suspensos dos treinos”, diz o treinador Paulo Henrique.
Kobla também ajuda no aprendizado estudantil dos garotos, dando aulas de inglês sempre que possível, e ressalta: “Me sinto orgulhoso por ser querido e reconhecido pelos garotos em qualquer lugar que eu chegue. Pretendo continuar fazendo tudo que estiver ao meu alcance para ajudá-los. Meu maior sonho é que um jogador da NBA venha visitar o Brasil e conheça o nosso time para que tenhamos a chance de contar com seu apoio”, diz.

fonte: Correio da Bahia

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